As inspeções comprovaram que o curtume Berseba Indústria e Comércio de Couros (CNPJ 33.613.295/0001-20), antes conhecida como Braz Peli Comércio de Couros, localizada em Campo Grande, estava lançando poluentes no córrego Imbirussu. O que resultou na prisão do diretor na sexta-feira (26).
Roberto Berguer, 62 anos, pagou fiança de R$ 7 mil e vai responder em liberdade, mas responderá pelos crimes ambientais. A empresa teve sua Licença Ambiental suspensa e atividades interrompidas.
No entanto, na sexta-feira equipe da Polícia Militar com a Decat (Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista) esteve no curtume e identificou que o local estava em pleno funcionamento. A interdição foi determinada pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), no dia 22 de janeiro. A partir disso, o curtume teria 72 horas para encerrar as atividades e paralisar a produção do couro.
Assim, por descumprir a decisão da Semadur, foi feita a prisão em flagrante do diretor do curtume. Ele permaneceu em silêncio no interrogatório e foi liberado após pagar fiança, ele responderá pelos crimes ambientais. A Semadur aponta que expediu no termo de interdição 002/2024, determinação a indústria a paralização total das atividades. A Berseba faz a industrialização e beneficiamento de couros Wet Blue, com capacidade de 2.000 peles/dia.
Irregularidades e Despejo de água no Córrego Imbirussu

De acordo com o documento de proibição 002/2024, a expedição ocorreu após a secretaria identificar a violação clara do artigo 77 em conjunto com o artigo 76 da Lei Municipal nº 2.909/92, que proíbe o lançamento ou liberação de poluentes, direta ou indiretamente, nos recursos ambientais.
Além disso, houve o descumprimento do artigo 65, incisos II e IV, do Decreto Municipal nº 14.114/20 – “iniciar ou prosseguir com a operação do empreendimento ou atividade sem licença ambiental e sonegar ou não fornecer no prazo estabelecido, informações para a formação ou atualização do cadastro, ou fornecê-las de forma inadequada à realidade”.
No documento, a secretaria menciona que em janeiro de 2018, o curtume solicitou a renovação da licença de operação. Já em julho de 2020, foi solicitada a alteração da razão social de Braz Peli para Berseba. Durante a inspeção, foi identificado um sistema de tubulação clandestina do curtume que despejava poluentes no Córrego Imbirussu. Os agentes observaram a liberação de um líquido azulado na água.
Essa tubulação não estava autorizada pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). Agora, o curtume está interditado e não está operando.
O Córrego Imbirussu não abastece Campo Grande.
A Águas Guariroba afirmou em comunicado que não realiza a captação de água nesse córrego. Portanto, a água distribuída na cidade não vem desse córrego.
“A concessionária esclarece ainda que as fontes de captação da água que chega até as torneiras do campo-grandense são: Córrego Guariroba (34%), Córrego Lageado (16%) e mais de 150 poços subterrâneos profundos (50%).
Além disso, antes de ser distribuída, a água passa por rigoroso sistema de tratamento, que envolve seis processos. E, para garantir a qualidade da água em todos as etapas do abastecimento, a Águas Guariroba ainda coleta amostras de água em mais de 300 pontos cidade e verifica 114 parâmetros em laboratório, realizando mais de 500 mil análises por ano”.